Explorando o Submundo: Um Olhar Comparativo entre Hades, Hel e Naraka

O que imaginamos quando ouvimos a palavra "submundo"? Uma prisão de fogo? Um reino sombrio de espíritos? Ou uma vasta paisagem moldada pelo carma?

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Em civilizações antigas, o submundo nunca foi apenas um lugar de tormento. Era parte da jornada da alma — um reflexo de crenças, medos e esperanças.

Neste artigo, estamos explorando o submundo de três grandes mitologias: Hades na tradição grega, Hel na lenda nórdica e Naraka nas tradições hindu e budista. Cada uma delas oferece uma janela para a forma como as culturas viam a morte, a justiça e o que está além.

Compreender esses reinos não significa acreditar neles literalmente. Trata-se de entender as pessoas que os fizeram — e como esses mitos continuam a ecoar na arte, na religião e na filosofia hoje.

Hades: O Reino Estruturado sob a Grécia Antiga

Para os gregos, a morte não era uma parada final — era uma realocação. O submundo de Hades era meticulosamente organizado, não apenas um poço de desespero.

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Este reino subterrâneo tinha rios, juízes, seções para heróis e zonas de punição para os perversos. Não era caótico. Era uma burocracia divina.

Hades, o deus, governava este reino com justiça, não com crueldade. Ele não era o equivalente grego do diabo — era mais como um guardião de almas. Seu nome tornou-se sinônimo da própria terra.

A entrada no Hades começava com o Rio Estige. Caronte, o barqueiro esquelético, exigia uma moeda para a passagem segura — frequentemente enterrada com os mortos. De lá, a alma enfrentava o julgamento. Aqueles que viviam virtuosamente entravam nos Campos Elísios, um paraíso de descanso.

Aqueles com vidas medianas vagavam pelos Prados de Asfódelos. Mas aqueles que cometiam erros graves eram condenados ao Tártaro — um poço reservado para o castigo eterno.

Apesar de suas divisões, Hades não era sobre tormento sem fim. Era sobre equilíbrio. Um espaço para todos, bons ou maus, encontrarem seu destino.

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Hel: O Abraço Frio da Finalidade Nórdica

Enquanto o mito grego organizava os mortos em uma cidade espiritual cosmopolita, o mito nórdico oferecia uma visão mais sombria e fria.

Hel, tanto a deusa quanto o lugar, governava os mortos que não pereciam em batalha. Esses guerreiros iam para o Valhalla. Mas aqueles que pereciam por doença, idade ou acidente acabavam em Hel.

Hel, a deusa, era filha de Loki. Ela era meio viva, meio morta — seu corpo dividido ao meio. Seu reino refletia essa dualidade.

Localizado nas profundezas de Niflheim, o domínio de Hel não ardia em fogo, mas sim envolto em névoa, gelo e silêncio. Não era nem o céu nem o inferno como os imaginamos — era algo entre os dois.

Este lugar não foi construído sobre punição. Era um lugar de sombras e lembranças. As almas descansavam, e enquanto alguns mitos sugerem desconforto, outros implicam uma existência neutra. A ambiguidade é impressionante. Para os nórdicos, a morte era complexa.

Somente aqueles que morreram em bravura encontraram a glória. Os demais foram simplesmente esquecidos — memórias apagadas no frio de Helheim.

Naraka: Os Infernos Rotativos do Karma

Tanto o hinduísmo quanto o budismo descrevem um sistema de submundos conhecido como Naraka. Mas, ao contrário de Hades ou Hel, Naraka não é definitivo. É temporário — uma estação, não um destino. É um lugar onde as almas trabalham para liberar o carma antes da reencarnação.

Existem muitos Narakas. Alguns textos listam 28, cada um com tormentos únicos, adaptados a pecados específicos. Por exemplo, mentir pode levá-lo a um poço de brasas. Matar uma vaca pode significar afogar-se em sangue. Mas, após o sofrimento, a alma eventualmente segue seu caminho. Ao contrário da condenação eterna dos modelos ocidentais, Naraka é cíclico.

Yama, o deus da morte, é o governante e juiz. Ele lê os atos de cada alma e aplica a punição correspondente. Seu papel não é maligno — é judicial. Ele mantém o equilíbrio moral no universo.

O conceito de Naraka reflete uma visão de mundo em que causa e efeito guiam até mesmo a vida após a morte. A dor tem um propósito, e o tempo oferece redenção.

Moralidade e a vida após a morte: o que esses reinos nos ensinam

Em todas as culturas, o submundo reflete valores. Para os gregos, tratava-se de ordem e recompensa. Para os nórdicos, de honra e destino. Para hindus e budistas, de responsabilidade e transformação. Esses reinos não foram criados para assustar — eram mapas para a vida.

Se você fosse grego, viver bem significava moderação e virtude. Um guerreiro nórdico buscava bravura e força. Um hindu ou budista focava no carma — cada ação carregava consigo consequências espirituais.

Mesmo com suas diferenças, cada sistema oferece orientação: seja justo, seja corajoso, seja consciente.

Esses submundos eram paisagens éticas. Seus deuses eram reflexos da ordem cósmica, não absolutos morais. E suas punições? Espelhos que refletiam o comportamento humano.

Representações culturais: dos templos aos filmes

Esses submundos não se limitaram a pergaminhos antigos. Eles continuam a inspirar arte, arquitetura e cultura popular.

Na Grécia, templos eram construídos sobre cavernas que se acreditava serem entradas para o Hades. Oráculos alegavam falar com os mortos. Hoje, a mitologia grega ainda inspira a literatura e o cinema, com Hades frequentemente retratado como um anti-herói incompreendido.

Na Escandinávia, a imagem de Hel persiste na estética gótica e até mesmo em franquias de fantasia modernas. De Hela, da Marvel, a videogames como Deus da Guerra, seu domínio frio fascina o público com sua beleza sombria.

Naraka também aparece em esculturas de templos por toda a Índia e Sudeste Asiático. As paredes retratam cenas da corte de Yama e os tormentos dos pecadores — não apenas para alertar, mas para lembrar os visitantes do caminho cármico.

A mídia moderna pode reformular esses mitos, mas suas raízes permanecem. Sua persistência demonstra o quão profundamente ainda lutamos com a morte, a justiça e o que está por trás disso.

Esses mitos podem coexistir nas crenças atuais?

Vivemos em um mundo globalizado. Histórias orientais e ocidentais frequentemente se chocam, se misturam ou coexistem. O que acontece quando alguém acredita em reencarnação, mas fica fascinado pelo Rio Estige? Ou quando uma criança na Suécia aprende sobre Hel e Naraka?

Esses mitos não estão mais isolados. Tornaram-se parte de uma narrativa humana coletiva. Em vez de se contradizerem, eles acrescentam camadas de significado. Eles nos mostram que a morte, e o que a acompanha, nunca teve uma resposta única.

Em vez de perguntar qual mito é "correto", perguntamos o que cada um ensina. O que significa morrer bem? Viver com honra? Preparar-se para o desconhecido?

Essas histórias não fecham portas. Elas as abrem — para o mistério, a ética e a imaginação humana.

Perguntas sobre a exploração do submundo

1. Hades, Hel e Naraka são semelhantes em seu propósito?
Sim. Cada um serve como um reino espiritual para as almas após a morte, mas sua estrutura e propósito diferem de acordo com a cultura e a crença.

2. Naraka é considerado um inferno permanente?
Não. Ao contrário de Hades ou Hel, Naraka é temporário. As almas eventualmente renascem após liquidarem seu carma.

3. Hades era visto como maligno na mitologia grega?
Não. Hades era mais um governante neutro dos mortos do que um deus malévolo. Ele garantia a ordem, não o sofrimento.

4. Por que apenas algumas almas vão para o Hel na mitologia nórdica?
Hel recebe aqueles que morrem de causas naturais. Guerreiros vão para Valhalla ou Fólkvangr, considerados vidas após a morte mais honrosas.

5. Esses mitos ainda influenciam a cultura moderna?
Com certeza. Livros, filmes, jogos e até instalações artísticas se baseiam nessas mitologias para explorar a morte e a moralidade.

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